terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Canção dos Romances Perdidos

Oh! Silêncio das salas de espera
Onde esses pobres guarda-chuvas lentamente escorrem...

O silêncio das salas de espera
E aquela última estrela...

Aquela última estrela
Que bale, bale, bale,
Perdida na enchente da luz...

Aquela última estrela
E, na parede, esses quadrados lívidos,
De onde figuram os retratos...

De onde fugiram todos os retratos...

E esta minha ternura,
Meu Deus,
Oh! Toda essa minha ternura inútil, desaproveitada!...

Mario Quintana

Morte D´Alma

Nunca vou entender direito.
Ou melhor, vou entender.
Mas de forma alguma vou aceitar.
A complexidade d´alma que não deixa amar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Não sou nada

Não sou nada.
A poesia é minha e posso dizer com clareza:
não sou nada.

Tudo é maior que eu.
O céu o sol as borboletas amarelas os noivos de mãos dadas
As ondas do mar as estrelas cadentes os beijos apaixonados
As famílias reunidas os leões marinhos o vinho do Uruguay
A pintura da Casa Rosada o encaixe perfeito o tédio a briga
A sinfonia e o Coral na Catedral de Petrópolis
As mentiras.
Tudo é maior.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Construção

Quero construir.
Ficar como está é pouco.
Há tanto para viver...
E o tempo passa tão rápido!
Quero tijolos, quero o concreto de nós dois.
E ainda vou querer mais.

Há tanto para ser.
Em qual terreno posso levantar esse edifício?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Só fútil

Borboletas amarelas querendo dançar na minha frente.
Quem me dera ser só uma mulher fútil.
Mais fácil seria, mais eficaz, menos triste, menos contemplativo.
Quem dera ser só fútil.

Mas, tantas borboletas amarelas...
E a poesia que chega sem me pedir licença.
Maior que as marcas caras de shopping ou qualquer coisa assim.
Quem me dera ser só isso. Não ver borboletas nem amarelas.

Ah! Mas a dança é forte diante dos meus olhos.
E esse olhar quem sabe triste ou contemplativo.
O que eu vejo além das marcas caras?
O que eu quero além da vida cheia de sucesso?
O que mesmo posso pensar além desse superficial?

Muitas, tantas borboletas amarelas.
E todas dançando sem me pedir licença.

Selinho 3, 4 e 5




E os selinhos 3, 4 e 5 são para os blogs:
  • http://ravibarros.blogspot.com/
  • http://mulherices2009.blogspot.com/
  • http://pinkygeek.blogspot.com/
  • http://aobservadorista.blogspot.com/
  • http://asangadaspatavinas.blogspot.com/

Obrigada pelos selos, pessoal!
Espero que os blogs indicatos (nesse e nos outros posts) gostem e indiquem outros 5 blogs especiais!!

Beijosss

Selinho 2


E o Selinho 2 vai para:
  • http://poesiasdeedvaldopereiradoscamposnetto.blogspot.com/
  • http://maeemacao.blogspot.com/
  • http://mamaenadia.blogspot.com/
  • http://duelosliterarios.blogspot.com/
  • http://cotidianodemulherzinha.blogspot.com/
Beijos!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Selinho 1


Galera,

Vou repassar os selinhos que ganhei aos poucos!
Aguardem os próximos posts!

E o meu muito obrigada aos que me presentearam com os selos! Adorei!!

O selinho aí de cima vai para:

  • Arte Vivida
  • O mundo sob meu olhar
  • Ítaca
  • Medicine Practises
  • Essências

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sem futuro

Estou batendo a cabeça na parede.
Essa angústia esse tormento sentimento falido.
Sempre tentei reinventar
Mas já é difícil demais quando a força só parte de mim.
Estou sozinha, Estou batendo a cabeça.

Os planos são só meus. A construção é só minha.
O resto é sem confiança e sem futuro.
Sem olhar para a frente. Sem sonhos. Sem união.
Conjunto de aventuras, talvez. Sem crescimento.

Minha cabeça na parede.

O resto brinca com a morte. Sem medo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esperança

Aguardo hoje sempre.
Hoje ontem. Hoje hoje. Hoje amanhã.
Espera não tão doce.
Esperança não tão forte.

Quer dizer, esperança minguando.
Quase não vejo mais borboletas amarelas.

sábado, 27 de novembro de 2010

Há qualquer coisa fora da paz

Há qualquer coisa fora do eixo.
Os tanques de guerra não combinam com essa vontade de amar.
Essa vontade de vencer não se basta com orgulho de ganhar.
É preciso construir o futuro.
Caso contrário, qual o motivo de continuar?

Vencer não basta para ganhar o amor.
Falta demonstrar mais na base mais no gesto mais na atenção.
Pacificar é guerrear pela educação pelo crescimento pela construção.

Há qualquer coisa fora da razão.
Ele pode matar até mais de um milhão.
Mas só ama quem educa oferece a mão paz é futuro.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Amor em Ação

Tristeza d'alma.
Acreditei em um amor profundo
talvez o maior amor do mundo
Diante de mim.

Quem sabe o amor se revela mesmo
quando precisa de prova concreta
quando se assina em linha reta
com caneta papel palavra e coração.

Antes disso é qualquer coisa
que não precisa ser sacramentada
qualquer coisa inventada
para conter uma paixão.

Qualquer coisa de brincadeirinha de criança.
E tudo acaba quando se volta para casa
E um leite morno e um pijama e a cama.
Amor mesmo rompe as barreiras da infância e dá liberdade de ação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Na voz de Manoel de Barros

Hoje abro espaço para dar voz ao poeta:


Manoel de Barros

.
O poema é antes de tudo um inutensílio.

Hora de iniciar algum
convém se vestir de roupa de trapo.
.
Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.
.
Faz bem uma janela aberta.
Uma veia aberta.
.
Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema
Enquanto vida houver.
.
Ninguém é pai de um poema sem morrer.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Canção triste em quatro versos

Cantando a dança da desilusão.
São as lágrimas e as palavras e os sonhos em vão.
A certeza é toda essa que está minguando
Enquanto sua fala escoa pelo coração.

domingo, 21 de novembro de 2010

Quero ficar Rica

Algodão doce
e toda a atenção do mundo para aqueles que amo.
Não quero perder tempo.

Há no afeto o pote de felicidade transbordando,
Borboletas amarelas voando,
Todo o conforto impagável por qualquer riqueza.

Porque o bom mesmo é juntar amor.
Criei até uma poupança para investir em sentimento.
Tempo é vida. Vou borboletar pelos campos de momentos bons.

Quero ficar rica: afetos aconchegantes e algodão doce.

sábado, 20 de novembro de 2010

Vislumbrar o Instantâneo

Vou dormir logo logo logo
logo que todas essas idéias acalmarem na cabeça.

Tão longo é o tempo e tão curto que já passou.
Muitas coisas para fazer e muitas idéias para fazer mais coisas.
Assim vai nesse ritmo eterno.

Planejar para ontem e aguardar o agora.
Quanto espero para vislumbrar o instantâneo
mesmo quando aparece a resposta de escolhas anteriores.

Agir agir agir de ritmo acelerado.
Antes que o sono me surpreenda mais que a vida.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cores de Nós

É preciso prestar atenção nas cores
nas texturas, nos sabores
Em cada canto da vida e de nós
Mesmos
Que a estrutura não seja a convenção
do caso - prestar atenção no acaso.


(Escrita na exposição do Helio Oiticica - Casa França-Brasil - Rio -
Recomendo a visita!)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Liberdade

Todas as palavras voam alto se você deixar.
Basta permitir que os significados se livrem das métricas;
que a razão se surpreenda com as cores do dia;
que a emoção se incline em lágrimas pela noite.

Toda altura é possível enquanto se liberta os sonhos.

As letras se juntam em prol do pensamento mesmo
independente do quão distante se queira ir.
O querer vai além desse espaço aqui... tem asas de cores fortes.
Tem lágrimas de contentamento enquanto o tempo passa pelo vento.

Todas as palavras te libertam para um outro lugar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O mundo e eu

O mundo é tão grande
e eu tão pequena.

Tantos sonhos tão grandes dentro de mim...

Quem sabe posso chegar de avião?

O mundo é um mundo
e eu essa possibilidade.

Tantos caminhos ao meu redor...

Quem sabe encontro um mapa?

O mundo é tanto
e eu esse quem sabe.

Tantos encontros e desencontros até o horizonte...

Quem sabe até onde vou chegar?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desejos

Sorvete de doce de leite
e borboletas amarelas.
Tudo o que é bom e saboroso nesse mundo.

Poesia de madrugada.
Família no domingo.
Surpresas de amor.
Amigos de sempre.
Quem sabe um livro novo?

Quero tudo quanto é quente e aconchegante.

Cheiro de neném.
Versos espontâneos na tarde de sábado.
Muito trabalho e ainda mais recompensas.
Tudo quanto é produtivo e amoroso.

Mar batendo na minha porta
e cheiro de terra molhada.

sábado, 13 de novembro de 2010

Dormir

Pedaços de pano pela casa.
Retalhei meu lençol enquanto andava.

Arte e angústia estão no limite.
As asas presas, há algo que borbulha aqui dentro.
A própria poesia tem suas dificuldades.
Madrugada sem sonhos.

Retalhos dos desejos espalhados pelos tacos soltos.
Panos de ilusão atormentada.

Apenas dormir ou ignorar a liberdade.
Tantos conseguem viver em camisa de força.
Voar é tão seguro quanto a vida.
Por isso muitos ainda preferem tomar remédios, drogas mais fracas.

Forte mesmo é suportar o que ferve n´alma.
Picotar lençol enquanto as asas da insônia sonham com ar livre.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mas

Entre tantas chaves;
não encontro a certa para abrir a porta.
É noite tarde chove venta frio.

Ah! Como estou cansada desse dia...
Tomar banho comer deitar dormir.
Cadê a chave?

Entre tantas opções;
não encontro a entrada bem diante dos meus olhos.
Todas as chaves senhas códigos aqui.

Todas as chances possibilidades portas...
Entrar descansar ser feliz.
Mas, ainda procuro e chove.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Viagem

Mergulham rumores estranhos
na minh'alma cansada
em plena mocidade.

Suporto rumores estranhos
pesando no céu estrelado.
Céu estrelado...
Repleto de solidão.

As coisas passam refletindo
Não sei o que exatamente
Mas refletem cheias...
Lotadas, apesar de tudo.

Sussurrando se vão.
E vão indo vão indo...
Pois tudo passa de uma viagem.

(Escrito em 2001)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Campos Magnéticos Cósmicos

Falta completa de inspiração.
Foi um carro que passou por mim um caminhão
um meteoro meteorito talvez um planeta inteiro sei lá.

Todo o universo conspirando contra a poesia desse dia.

O que farei? Como resolver?

Quem sabe aguardar os rearranjos dos campos magnéticos cósmicos.
Ou fazer a dança da chuva.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carpe Diem

Ah! Meus olhos se encantam com tamanha escuridão.
Por favor por favor, não acenda a luz...
vamos ficar aqui mais um pouquinho sem despertar para o dia.

Ah! Todos os caminhos te levam para algum lugar
E como é possível deixar de caminhar?
vamos adiar por mais alguns instantes vamos aproveitar o momento.

Ah! De olhos fechados ainda encontro um pouco de sonho
e é doce como andar pelas nuvens e sentir o vento na contramão.
vamos aproveitar o escuro e despertar para o agora, não acenda a luz...

domingo, 7 de novembro de 2010

Muito trabalho

Tanto para fazer, meu bem...
Não há tempo para bobagens.
E é por isso que vou caminhar na praia
ou ler poesia ou ouvir música ou encontrar uma amiga.

Uma lista infinita de trabalho e estudo e tudo o mais.
Por isso vou comprar um sorvete lá na esquina ou alugar um filme
ou ficar juntinho de você assistindo televisão ou dormindo mesmo
ou ainda posso passar um tempo olhando as nuvens.

A cada dia essa vida exige mais produção, preciso produzir.
Por isso vou prolongar meu domingo pesquisando novos poetas
ou inventar uma palavra para reconsiderar a própria poesia
ou podemos simplesmente ficar de mãos dadas, meu bem... enquanto a noite passa...

Há muito o que fazer.

sábado, 6 de novembro de 2010

Noite sozinha

Madrugada.
Luz elétrica.
Quarto arrumado.
Fotos e anjos na mesa.
Barulho lá fora.

As vozes não calam
As vozes não me deixam pensar...
Mas penso.

Paz.
Amor.
Ressurreição da vida alegre.
Os tempos mudaram.
Tudo é igual.

As vozes calaram.

(2001)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Expectativas de uma madrugada

Agora: novamente madrugada.
Copa. Cozinha. Panela. Caderno. Caneta. E café.

Algum quarto chama.
Cama. Lençol. Sonho (ou pesadelo).

O que se espera do amanhã?
Paz. Luz. Calor. Alegria. Amor. Felicidade.

O amanhã sempre será uma incógnita?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Noite

Luz elétrica.
Quarto bagunçado.
Jogos pelo chão.
Chinelo ao lado da cama.
Livros e livros.
Poesia presente em tudo.
Versos na solidão.

Mosquitos mais que o esperado.
Barulho do ventilador.
Guerra com os mosquitos.

Vontade de dormir
de derramar lágrimas.
Contudo, de sorrir.
Desejos tardios
de amores futuros
de roupas novas
Mais, de sonhos bons.

(2001)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Paciência

Paciência entrou pela porta e disse que ia fazer uma hora por aqui.
Ah! que bom e agradeço a visita.
Mas aconteceu uma qualquer coisa que fez tocar o celular
E Paciência partiu rumo ao desconhecido em outro bairro talvez.

Paciência é uma grande amiga e aliada.
Mas, coitada, cheia de compromissos que requerem sua participação.
Agora, sem Paciência, a sala parece mais vazia
Procuro um novo arranjo para a decoração e quem sabe a Dona Ação venha visitar.

Vou atender a porta.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Encantada

Fada madrinha que nada.
É a realidade batendo na porta.
Querida, abra.
O mundo lá fora é gigante e só cabe mágica
se for brilhantemente construída por cientistas.
Querida, preste atenção.
Pouco importa fada madrinha se o condão for de pó encantado.
Quem canta está lá fora lutando para ser ouvido
e não aí dentro fingindo que ainda escuta.

Toc Toc
Quem é quem é? quem será?
Querida, o mundo é gigante e só cabe abrir a porta com as mãos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Intuição

Necessidade de se aconchegar no canto.
Proteger as migalhas de compreensão d' alma.
Ignorar a lógica sobrepor o sentimento permitir emoção.

Encontrar a postura correta para cheirar mais forte a brisa que passa.
Constranger os argumentos baratos de concretismo vedado ao matinho transgressor.
Procurar a ondulação de movimentos que carrega a possibilidade de continuar na mudança.

Enxergar para além do que olho vê.
Acariciar o sentimento enquanto a brisa bate para
compreender no canto d' alma a vida surgir do concreto.

Ousar nas ondas para que a mudança seja o cotidiano aconchego da emoção.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Promessa

Durante tantos anos
E por toda eternidade
Sussurram vozes apaixonadas:
"Chorem e rezem;
o amor é uma promessa.
Se sacrifiquem e continuem;
o amor é uma promessa.
O amor é uma infinita promessa."

(Escrito em 2002)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mortal

Borboletinha
bonitinha
do meu coração,
cuidado comigo
que sou um dragão

e vou te matar
com um suspiro
de amor.

(Escrito no ano de 2002)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Outono

Outono sem eira nem beira
Borboletas amarelas
Folhas e o telefone toca.

Atender ou continuar na brisa da varanda?
Todas as portas estão abertas
Quase sinto o cheiro do vento
Nego telefone e afirmo ausência.

Aposto nas borboletas e permito,
consolada,
que as folhas se joguem no chão.
Quem sabe calar, suportar o vazio
Aguardar renovação.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Turbilhão

Turbilhão de tantas coisas por segundo.
E, não, não é só o twitter.
É o céu que passa mais rápido,
a lua que quase não aparece,
o dia que mal surgiu.

As diversas marés no encontro diário.

Ah! O tempo...
Turbilhão de sentimentos
como posso medir?
Sentir é sempre pouco... viver é sempre mais...

Sem muito espaço para reticências.
Carrego nas costas as minhas pendências, urgências
Vivências.
Sei pouco sobre a possibilidade de comoção de 140 caracteres.
Mas a lua e o dia e o céu são até mais rápidos
se levam junto o tempo de meus sentimentos no turbilhão.

As diversas marés diariamente.

domingo, 24 de outubro de 2010

É guerra

Toda manhã é mais difícil quando se sabe o que quer.
É guerra, não há dúvidas
Por isso entrego mais amor aos passos
Toda manhã é assim
As lutas exigem arte no suor
Sou poetisa de peleja, enfim.

Armas para que eu não possa me entregar
aos outros caminhos,
quaisquer que sejam.
Toda manhã travo a batalha
com versos de amor ao cotidiano.

Festa na ilha

Festa na ilha.
Pena chegar tão tarde no recinto,
mas, já que é assim,
manda logo um copo pra mim!

Não vim de brincadeira
A vida é passageira
a rima uma besteira
perto da sutil asneira de não viver.

Vamos festejar ontem e amanhã
sempre hoje!
Cada segundo é mais um para crescer.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Amor Psicanalítico

O neurótico é dividido
há sempre um mal-entendido
no impossível do amor.

A saúde depende da posição diante da morte
"Até que a morte nos separe"
não admite algo como contrato.

Pode o outro me perder?
existe uma forma de encarar a realidade
que é a não querer encará-la.

É o próprio eu que está em jogo no amor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O lado bom da tempestade

Por vezes mas nem sempre
o céu desaba
tibum
fogem as nuvens as estrelas os satélites
tibum
e a tempestade sem eira nem beira carrega as pedras do chão.

Otimismo! Então, sempre é bom o dinamismo:
que carregue as pedras para outro lugar.

domingo, 17 de outubro de 2010

O que é indefinido

O poema ignora a cronologia.
Interrompe a lógica
Permite a concentração de qualquer coisa
no espaço de coisa nenhuma.

No espaço de coisa nenhuma surge o que é.
O poema abre um vazio no caos
e recompõe o caos do vazio.

O poema é a desestrutura estruturante
aquilo que não se define
posto que todo poeta tenta indefinição.

O poema é caminho para os perdidos
É escuridão para os muito iluminados.

O poema é não.
O poema não tem explicação.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Motivação

Ah! Tentativa transbordante...
Em prol do entusiasmo propagando pulsante
Cada canto de qualquer gelado blasé.

O nome é gritado a canção vem em coro a voz é forte.
Não há pontuação melhor do que a ausência de categorias.
Tentativa inventiva séria proposta de comoção viva.

Abalo da estrutura e talvez corrosão sustentável.
Ah! Amada tentativa transbordante.
Integração com o grito proposta de voz.

Contenha-se
ao sensato destino das ondas propagadas
e pulse nas categorias da comoção estruturada.

domingo, 10 de outubro de 2010

Tristeza

Ah! Me permita ser um pouco triste às vezes
é necessário
que se pare um pouco para o fim de entristecer.

Tão claro quanto sorrir
não quero varrer esse sentimento, me permita.
Que a quietude seja um aconchego e talvez até alguma lágrima.
É saúdavel
tenho certeza, me permita, choramingar num canto.

Todo sentimento é uma solução por si só.
Esse entristecer garante a limpeza d´alma. Me permita chorar,
sofrer, passar pela dor, pela falta, pelo reencontro de mim.

Permita que o pranto exista e que seja inteiramente humano.
Tão claro quanto alguma raiva dor alegria sorriso felicidade.

domingo, 3 de outubro de 2010

Aniversário

O tempo invadiu meus pensamentos:
seriam os anos de história?
Ah, mas sim...
As histórias que já conquistei!
Já tantas e tão encantadoras por si só
que me alegro em continuar construindo pela vida.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Água

Não molha n´água.
A água se esvai
Enquanto pela onda
pelo mar que vai
e volta.

Não molha n´água
Vou onde onda for
Se vier comigo
molhará.
Molhará.


(02/02/2008)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Momento

Para onde foram as canções?
O erro é momento
E pelas ruas percorre a perda
pelas luas o tempo é mesmo
O tempo é e só.
Quanto de céu passará
até que voltem as canções?
Quanto resta de dor.
Carne sem alma.
Quantas luas restam
até que o momento passe?
O momento resta.


(25/01/2008)

domingo, 19 de setembro de 2010

Quero dizer, mesmo que ninguém venha ler. A vida sem alguma arte não existe.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um cheio de vazio

Um vazio de palavras me cabe no momento. Não me perguntem nem como nem qual foi o desastre. O impacto presente já é o bastante.
As portas não abrem e o elevador nunca chega. O otimismo disse que voltava logo e foi almoçar.
Seja como for, a única forma que me resta é a de ser eu mesma em meu texto. Mesmo que em vazio.
Talvez porque nem eu mesma queira perceber o que há de profundo por aqui. Ainda melhor ficar no raso hoje. Enfim, por um dia... vou acreditar na letra da lei.
Esqueçamos o que existe nas entrelinhas dos incisos. Hoje, vou deixar essa artimanha apenas para os advogados.
A filosofia não me cabe. A poesia não me cabe. A análise ficou para mais tarde.
Sou o vazio presente na letra da lei. E ponto. Sem espaços para pensar no além.
Meu bem, mal me cabe nesse momento. E o tormento desse nada virtual me embriaga. Não estou sóbria. Não levo as marcas. Deixo-as de lado.
Levo, sim, um todo grande de informações que pouco importam; um turbilhão de possibilidades que flutuam no ar; uma história mutante e peregrina de longa estrada; alguma sacola cheia de qualquer coisa que se compra por aí. E, claro, um celular com internet para estar em contato permanente com redes sociais que quase nunca me dizem algo que permanece.
Assim, levo esse vazio socialmente elaborado. Passo sem ser percebida onde quer que seja. Não penso em nada ao pensar em tantas coisas que me cabem.
Como já disse, o vazio me cabe.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Espera

Pode ser mais um momento.
Pode ser.
Quem diria se a porta bateu ou a estrada acabou ou foi só o trem que mudou de rumo.
Quem diria que o presente é uma transformação e, afinal, faz parte.
Faz parte a vivência de cada dia esperando o momento. Faz parte aprender. Faz parte esperar. Faz parte esperar e aprender.
E a ansiedade? Faz parte.
Cada parte querendo explodir por vida, criatividade, produção, emoção, amor, amplitude.
Cada parte esperando pela porta ou estrada ou trem que passe com um criar devastador pela frente de tudo que é fora de contexto.
O contexto faz parte.
E nem que a vivência desse momento desista; o momento existirá. Há transformação; correrá até aqui.
Viver cada dia pode ser a espera pelo contexto certo.
Quem diria que a produção assim cresce, mesmo em silêncio.
Quem diria que o amor assim devasta, mesmo a parte.

sábado, 28 de agosto de 2010

O momento de partir

Chegou a hora do agora.
Agora preciso fazer várias escolhas importantes.
Agora preciso definir caminhos, traçar soluções ou viver na história errada.

Em tantos momentos pensei nesse agora como o futuro distante.
O momento em que chegaria e, aí sim, as coisas seriam organizadas na vida. Ou desorganizadas.
Que seja.
Chegou a hora e é agora.

Tantos caminhos traçados pela frente...
Me apego mesmo na idéia de um caminho novo, que ainda vou desvendar, ainda vou desmatar.
E é essa a hora de seguir. Acampar no mato, me perder para me achar.
Descobrir o que, acredito, está bem aqui: dentro de mim.

O caminho, portanto, não conheço.
Apenas sei que vai ser mais difícil, posto que ainda não existe.
Vai ser mais surpreendente, posto que nada se sabe sobre ele.
Será, ainda, mais empolgante. Porque será o meu caminho, de fato.

Construirei e tem de ser agora.
Esse é o momento. Devo seguir.

sábado, 14 de agosto de 2010

Gélido Concretismo

Onde fica a poesia quando não está aqui?

Talvez ela viaje para países distantes.
Talvez ela hiberne até o inverno acabar.
Talvez ela se entristeça em meio ao caos da vida.

Onde fica a poesia quando não escrevo mais?

Talvez ela passe ao ato insano.
Talvez ela corroa as minhas entranhas.
Talvez ela sucumba no gélido concretismo da realidade.

Onde fica a poesia quando ignorada?

Talvez ela persista em silêncio, camuflada.
Talvez ela grite nos intervalos da consciência.
Talvez ela se deixe morrer,
aos poucos, lentamente.
E tudo se torne gelo e concreto;

onde fica a poesia quando não a vejo mais.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Criação

Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. E "todo dia ela faz tudo sempre igual". De novo. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Sempre seis horas da manhã. Mais uma vez. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Ah! Um sorriso quase sempre pontual. Ah! Cadê a escova de dente? E de novo. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Que bom que amanhã é sexta. Sexta. Sábado. Domingo. E amanhã eu vou ter que voltar ao trabalho. Segunda. Sem reclamações. A vida é trabalho. Mas espero a hora do feijão. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Amanhã tem festa. Sábado. Amanhã tem missa. Descanso. Fim de fim de semana. Domingo. E volta todos os outros dias com a espera pela chegada no portão. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Paixão. Sábado. E mais uma vez. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Vida. Cotidiano. E diferença na repetição.

sábado, 8 de maio de 2010

A Instância do Agora

Muito me importa o amanhã.
Por isso fico no agora.
Reviro e viro tanto passado.
Por isso foco no agora.


Meu destino está preso nesse agora.
Por fim, sou o agora.
E, ainda,
serei sempre o desejo e a consequência.

sábado, 13 de março de 2010

Planejar

Todo dia dou beijo de alegria
na voz funda do vento.


Para onde vou e quem sou
é aquilo que mais importa.


Já o caminho para seguir
depende do melhor para o momento.


O momento é esse agora;
todo dia.


O agora é sentir o vento e escolher o caminho.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Chile e Poesia

Rezando pelo Chile e, claro, pelas casas do Pablo Neruda.
Assim, hoje, dou voz ao poeta:



"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."




"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza."



Pablo Neruda

sábado, 30 de janeiro de 2010

D´alma

Não sou de corpo.
Entre suar pelas barreiras
e viajar pelas fronteiras
prefiro a segunda opção.


Acredito em amor de antemão.
Não busco as eiras e beiras
Procuro o melhor do momento
e o cotidiano como construção.


Não sou de corpo.
Nem existe em mim o ardor da competição.
Existe mais a busca por construir o amor,
minhas medalhas da emoção.


Não sou de corpo.
Sou mais de alma e coração.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Sobrevivendo entre os escombros

Tudo é escuro se a luz do dia não aparece.
A pergunta é simples e fácil:
para qual luz podemos olhar na escuridão?


Existe, só pode existir.
Uma luminosidade interna e preciosa
e parece conto de fadas a realidade dessa luz.


Acredite se quiser
Essa escuridão toda e profunda de fechar os olhos
reorganiza a luz do olhar - basta lutar.